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Foto do escritorJulia Maciel

bell hooks e o amor como uma prática diária


Estou relendo “Tudo sobre o amor”, de bell hooks. Este livro ampliou minhas perspectivas sobre o significado de amar: assim como muitas pessoas, cresci pensando que amar é algo que sabemos instintivamente fazer, sem ter que pensar muito a respeito. Uma vez que estivéssemos amando, saberíamos exatamente como agir.


Só que na prática não é bem assim, né? Para bell hooks, muito desamor seria evitado na nossa sociedade se tivéssemos uma compreensão comum do que significa amar. Ao nomearmos o que é o amor, podemos, inclusive, identificar o que ele não é. E nisso bell hooks é muito enfática: para vivermos em uma sociedade verdadeiramente amorosa, abuso e amor não podem coexistir. Onde há abuso, não há amor. Ela escreve:

"Quando entendemos o amor como a vontade de nutrir o nosso crescimento espiritual e o de outra pessoa, fica claro que não podemos dizer que amamos se somos nocivos ou abusivos. Amor e abuso não podem coexistir. Abuso e negligência são, por definição, opostos ao cuidado".

Por mais doloroso que possa ser admitir que abuso e amor não coexistem, a proposta de hooks é que justamente nos aproximemos de contextos em que sejamos plenamente respeitadas e que deixemos de romantizar relações que justificam maus tratos em nome do amor.


Quando temos uma definição clara do que significa amar, podemos por tudo isso em prática vivenciando o amor como uma ação: quando vivemos de forma amorosa, deixamos isso transparecer em cada ato, e não só nas palavras. hooks fala disso da seguinte maneira:


"Começar por sempre pensar no amor como uma ação, em vez de um sentimento, é uma forma de fazer com que qualquer um que use a palavra dessa maneira automaticamente assuma responsabilidade e comprometimento. Somos com frequência ensinados que não temos controle sobre nossos "sentimentos". Contudo, a maioria de nós aceita que escolhemos nossas ações, que a intenção e o desejo influenciam o que fazemos. Também aceitamos que nossas ações têm consequências. Pensar que as ações moldam os sentimentos é uma forma de nos livrarmos de suposições aceitas convencionalmente, como a de que pais sempre amam seus filhos, de que alguém simplesmente "cai" de amores sem exercer desejo ou escolha, de que existe algo chamado "crime passional", isto é, a ideia de que ele a matou porque a amava demais. Se nos lembrássemos constantemente de que o amor é o que o amor faz, não usaríamos a palavra do amor de um jeito que desvaloriza e degrada o seu significado. Quando amamos, expressamos cuidado, afeição, responsabilidade, respeito, compromisso e confiança".

E pra você, qual é o significado do amor na sua própria experiência?


Se você tiver interesse em se aprofundar no assunto, escrevi um artigo para a mybest Brasil com indicações de livros sobre amor - conteúdos que saiam do lugar comum sobre o tema e nos auxiliem a ampliar o olhar. 🌿




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