
A Síndrome de Burnout é considerada pela OMS um fenômeno ocupacional, ou seja, associado ao trabalho. De acordo com o CID 11, o burnout pode ser descrito como um quadro de estresse crônico relacionado ao trabalho.
São três as principais dimensões do Burnout:
Sensação de exaustão
Sentimentos de cinismo em relação ao trabalho (associado a uma descrença a respeito do ambiente de trabalho, seja pela falta de boas relações ou pela sensação de inadequação)
Sensação de falta de eficácia ou não conseguir alcançar objetivos de trabalho
Causas
O burnout pode estar associado a alguns fatores:
Sobrecarga no trabalho: quando a quantidade de afazeres é tão grande que sobra pouco ou nenhum espaço para o descanso, o estresse está sempre presente.
Falta de controle: quando há a percepção de que pouco se pode fazer para modificar situações no ambiente de trabalho - não há muito espaço para a autonomia.
Reconhecimento ou recompensa insuficientes: quando os esforços da pessoa ou grupo não são devidamente reconhecidos (seja social ou financeiramente), pode haver aumento na insatisfação com o trabalho.
A qualidade dos relacionamentos e senso de comunidade: locais de trabalho nos quais a rivalidade ou inimizades estão presentes são mais estressantes.
Justiça: se as escolhas feitas no trabalho não parecem justas, isto aumenta consideravelmente a insatisfação relacionada ao trabalho.
Valores: são os ideais que inicialmente podem ter atraído as pessoas para aquele tipo de trabalho. Se eles começam a estar conflitantes com a ocupação, passa a existir uma ruptura - entre o que a pessoa quer fazer e o que de fato está fazendo, tem de fazer
Pensando por outros ângulos
Quando falamos de Burnout, podemos de cair no risco de olhar de maneira simplista para o fenômeno, focando em alternativas para o bem estar de trabalhadores sem questionar as cargas horárias excessivas demandadas pelas empresas, a demanda por produtividade constante exigida socialmente e a crescente precarização do trabalho que temos vivenciado no Brasil e no mundo. O filósofo sul coreano Byung-Chul Han proporciona reflexões interessantes nesse sentido: para ele, o Burnout é uma "queima do eu por superaquecimento". Seu raciocínio é o de que o Ocidente vem se tornando uma sociedade no cansaço: em tempos de excessos de estímulos (como as redes sociais) e demandas de produtividade, vivemos saturados, recebendo constantemente informações e não criando barreiras para filtrar tamanha sobrecarga de estímulos. O resultado disso é uma sociedade voltada para o desempenho: somos nós mesmos nossos próprios carrascos, devemos ser sempre produtivos e não há tempo nem espaço para o descanso e a pausa, apenas para mais resultados.
"O que torna doente não é a responsabilidade, e sim o mandato de desempenho da sociedade pós moderna do trabalho" Byung-Chul Han
Por isso, abrir o diálogo sobre o Burnout vai além de melhorar nossos desempenhos, mas também repensar nossa relação com o trabalho, produtividade, o ócio e até mesmo nosso valor pessoal (você sente que tem valor mesmo que não esteja produzindo?). Se você se interessa pelo assunto, escrevi um texto para a mybest Brasil indicando conteúdos bem legais para repensarmos o trabalho e como ele nos impacta. E, se você estiver passando por um momento de exaustão relacionado ao trabalho, pelo motivo que seja, não deixe de buscar ajuda. A terapia é uma das ferramentas possíveis para lidar com o Burnout. Você pode entrar em contato comigo por aqui.
Comments